Pequenas Histórias - Filmes de Cinema

Compartilhe Filmes

Se o brasileiro é tão conhecido por ser um contador de histórias e “causos”, nada como um filme em que algumas delas são contadas. Ao juntar essa narração de histórias com o folclore do nosso país, temos uma obra das mais líricas, memoráveis e gostosas de assistir.

É essa a proposta do filme Pequenas Histórias: contá-las. Em uma fazenda, no interior de Minas Gerais, uma senhora conta às suas amigas quatro histórias vividas por personagens da literatura popular brasileira, com foco especial na cultura mineira.

Interpretada pela excelente Marieta Severo, ela conta as histórias intituladas “E a Água Levou…”, “Procissão das Almas”, “O Espírito do Natal” e “Zé Burraldo”.

Essas encantadoras histórias são contadas enquanto Maria Contadora das histórias corta e costura pedaços de pano que se unem em uma grande e colorida colcha de retalhos. Isso vai deixando o filme Pequenas Histórias ainda mais gostoso de se assistir, como se uma parente nossa estivesse narrando tudo aquilo.

pequenas histórias

É interessante perceber o quanto o diretor Helvécio Ratton parte para um estilo de filmes mais leve, um ano depois do lançamento de Batismo de Sangue, que trata da adaptação do livro de Frei Betto sobre um período da ditadura militar entre as décadas de 1960 e 1970, na qual foi diretor, produtor e roteirista.

Se na produção anterior ele teve o cuidado de mostrar toda a crueldade de um dos períodos mais nefastos da história do Brasil, no filme Pequenas Histórias ele volta a abordar um estilo de narrativa com a qual ficou famoso em 1995 ao dirigir Menino Maluquinho, adaptação do clássico de Ziraldo.

Em ambas as produções, ele retorna à infância mais idílica e menos tecnológica, tratando da contação de histórias como ponto principal nesses filmes. Neles, demonstra uma capacidade gigantesca de atrair o público infanto-juvenil, mas também o adulto, que sentirá certa nostalgia ao ver personagens tão ligados a um período que tanto gostamos: a juventude.

E aqui, o folclore brasileiro, tão pouco falado em meio a produções Hollywoodianas nos bombardeando, terá seu merecido espaço. A versatilidade é a marca do diretor.

Pequenas Histórias – Sinopse

O filme Pequenas Histórias é composto de quatro narrativas curtas, costuradas por uma narradora, vivida por Marieta Severo. Aqui, o cineasta mineiro Helvécio Ratton traz um retorno a uma infância mais gostosa de ser recordada, com menos tecnologia que a vivida hoje.

Vale recordar que o longa-metragem surgiu a partir de um curta, também intitulado Pequenas Histórias. Aqui, o diretor participou de um projeto de uma TV educativa e o curta-metragem tinha apenas 12 minutos. Por acreditar que o material poderia render muito mais, ele resolveu produzir outras quatro histórias, dando assim origem ao longa-metragem com quatro episódios, no mesmo formato.

No primeiro conto, intitulado “E a Água Levou”, Patrícia Pillar surge no papel de uma sereia que começa a ajudar um pescador, que se apaixona por ela. Os dois acabam se casando. Para poder viver fora da água, a personagem abandona sua forma mágica, tornando-se uma mulher de verdade. Porém, essa união não será tão perfeita quanto podia parecer, já que todos os problemas humanos que ela não conhecia passarão a fazer parte de sua rotina, não tão mágica quanto ela imaginava ao mudar de vida.

O segundo conto tem o nome de “Procissão das Almas”. Seu protagonista é um menino. Assim como na história anterior, a da sereia, há efeitos especiais para mostrar algo mágico. Trata-se de uma procissão de mortos. O roteiro é inspirado numa lenda de São João Del-Rei, cidade na qual o diretor passava as férias da infância. Todos os aspectos folclóricos e de uma realidade mágica e fantasiosa estão nesse conto, que segue como os outros, sendo contado pela personagem interpretada pela atriz Marieta Severo.

Paulo José é o protagonista do terceiro conto do filme Pequenas Histórias. Nela, ele faz um papel inusitado: o de Papai Noel. Segundo o diretor, a inspiração veio dos filmes publicitários que dirigiu, nos quais atores mais velhos se fantasiavam do bom velhinho. Esta é a única das histórias que se passa em ambiente urbano, já que as outras todas prezam pelo ruralismo distante do país. Este papel, inclusive, rendeu prêmios a Paulo José. Nesse episódio, o espírito do Natal muda as vidas de vários personagens, como a dona de uma pensão e um grupo de mendigos. No elenco, também estão Maria Gladys e o ator-mirim Miguel de Oliveira, que por aquela época também participou da novela Desejo Proibido.

Na última das histórias, o ator Gero Camilo faz um personagem parecido com Mazzaropi. Seu nome: Zé Burraldo. Ele é um sujeito simplório que está sempre se dando mal, mas nem por isso consegue aprender. Depois da morte do pai, sai andando pelo mundo com sua herança, um burro. Uma série de infortúnios faz com que ele perca o animal e se envolva em trapalhadas. Cheio de boas intenções, é considerado por muitos como o personagem mais divertido do filme Pequenas Histórias. O roteiro de “Zé Burraldo” é o único baseado numa história já publicada, no caso, um conto do escritor e ilustrador paulista Ricardo Azevedo.

Essa infância que não existe mais é a marca tanto de O Menino Maluquinho quanto de Pequenas Histórias. No fundo, há um clima nostálgico e melancólico por conta disso. Essas histórias à moda antiga podem cativar também os adultos, saudosos de sua infância.

Pequenas Histórias – Elenco

O elenco do filme Pequenas Histórias é de grandes atores. A começar por Marieta Severo, que interpreta Maria Contadora, a responsável por narrar cada uma das quatro histórias para o expectador.

Patrícia Pillar faz o papel de Iara, do primeiro conto, e Paulo José é Arlindo, o Papai Noel.

Gero Camilo interpreta o folclórico e divertidíssimo Zé Burraldo.

Completam o elenco: Manoelita Lustosa como a Comadre Filó, Maria Gladys no papel de Alcina, a dona da pensão onde mora Arlindo e Maurício Tizumba interpretando Tiburso.

Pequenas Histórias – Prêmios

Como era de se esperar, um filme como Pequenas Histórias é digno de prêmios. E foi bem assim que aconteceu em alguns dos festivais mais importantes da cena cinematográfica brasileira.

No Festival Paulínia de Cinema de 2008, por exemplo, foram dois prêmios e cinco indicações. O filme venceu como Melhor Roteiro e Paulo José teve o reconhecimento de sua marcante atuação ao ganhar na categoria de Melhor Ator. O filme ainda teve indicações nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Montagem e Melhor Trilha Sonora.

Já no Grande Prêmio Cinema Brasil de 2009, o filme Pequenas Histórias foi o grande vencedor na categoria de Melhor Filme Infantil.

De fato, Pequenas Histórias, com seu lirismo e valorização da cultura brasileira, é um daqueles filmes que provam a existência da qualidade no cinema nacional. Principalmente quando se trata de um tema tão simples, que é a contação de histórias, algo tão marcante em nosso cotidiano, mesmo nos ambientes urbanos.

Pois, se você procura um bom filme para se divertir e desfrutar de cultura de qualidade, o filme Pequenas Histórias é uma ótima pedida!