Amizade Colorida

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Amizade Colorida é um filme que segue as fórmulas da comédia romântica como se acontecessem no piloto automático, mas isso não quer dizer que não seja divertido. Estrelado por Mila Kunis e Justin Timberlake, este foi o segundo filme de 2011 a perguntar se era possível fazer sexo com alguém sem se apaixonar, e foi o segundo a chegar a uma conclusão errada. O primeiro foi “Sexo Sem Compromisso”, com Natalie Portman e Ashton Kutcher (ironicamente atual marido de Mila Kunis).

Mas, tratando-se de Mila e Justin, o público com certeza exigiria um desfecho romântico. Deveria ser uma regra: nenhum filme com grandes estrelas e enorme orçamento poderá permitir que aconteça uma relação casual intensa para, em  seguida, separar os amantes.

Amizade Colorida

Uma boa notícia sobre o filme “Amizade Colorida” é a evidência de que, tanto Timberlake quanto Kunis, funcionam quando se trata de comédia leve. Ambos já haviam se provado dramas, como Timberlake, em A Rede Social, e Kunis, em “Cisne Negro”, e isso deu sintonia aos personagens.

Amizade Colorida – Sinopse

No filme “Amizade Colorida”, Mila Kunis interpreta Jamie, uma headhunter executiva de Nova York. Justin Timberlake é Dylan, o diretor artístico de um site que recebe 6 milhões de acessos por mês. Isso permite que ele trabalhe em um escritório bem sucedido.

Tudo começa quando Jamie convence Dylan a ir até Nova York para fazer uma entrevista no emprego dos sonhos: diretor de arte da revista GQ. O rapaz aceita o convite e é aprovado, mas ela ainda precisa convencê-lo em uma noite que a cidade é tão charmosa e habitável quanto possível para uma pessoa vinda da Califórnia.

Assim, um jantar leva a outro… e todos sabem o que está por vir. Ambos confidenciam os relacionamentos azarados de outrora, e juram que não estão procurando por um novo, concordando em ter sexo físico puro sem amarras emocionais.

A cena é a mais bem escrita, bem dirigida e bem interpretada, sendo que tais partes envolvem uma boa dose de habilidade cômica.

“Amizade Colorida” é um filme cuja fórmula agora exige que eles se apaixonem, encontrem obstáculos, lutem, separem-se “para sempre” e aqueles velhos clichês já conhecidos.

A película, porém, torna este processo mais divertido, pois o elenco é preenchido com bons atores de apoio. Patricia Clarkson é a mãe de Jamie, um produto não reformado da revolução sexual. Richard Jenkins interpreta o pai de Dylan, que sofre com o Alzheimer. Essa é a forma da doença em que a vítima tem momentos lúcidos perfeitamente cronometrados para proferir discursos cruciais e depois tem a recaída.

Amizade Colorida 2

No escritório da GQ, Dylan faz amizade com o editor de esportes, Tommy (Woody Harrelson), que é alto e entusiasticamente gay, além de possuir uma lancha como veículo diário.

Em “Amizade Colorida”, Dylan e Jamie conhecem todos os clichês das histórias de amor em filmes, tornando-se “descolados” demais para se transformarem num casal convencional. Isso não nos distrai de perceber que suas próprias vidas são a personificação da história de amor clichê.

O que nem toda comédia romântica tem, no entanto, é um diálogo eficaz, bem feito numa sequência rápida. Mas nesta, por exemplo, Kunis fala agilmente através das cenas de abertura como se estivesse canalizando um velocista, e Timberlake facilmente a acompanha.

Amizade Colorida – Crítica

O filme “Amizade Colorida” é uma comédia alegre, veloz e sem brincadeira, tratando sobre amor e sexo na era das redes sociais, recebendo parte do seu sucesso e funcionalismo por fazer críticas ao próprio gênero.

A configuração é familiar, assim como os elementos essenciais: um homem solteiro e uma mulher descompromissada, dois corações machucados, mas um par de corpos resilientes, ávidos e bonitos.

Jamie é sombria e inteligente, étnica e mal-humorada, e quando ela comicamente se choca contra uma invisível Katherine Heigl (atriz que havia participado à época de comédias românticas), podemos suspirar de alívio em estar assistindo ao “grito” das comédias românticas.

Assim como o primeiro filme do Pânico, que chocou o mundo de terror dos cinemas com personagens conscientes de que conheciam os prós e contras do gênero, sendo sadicamente submetidos aos clichês em primeira mão, “Amizade Colorida” é um filme que começa com a premissa de que personagens e público estão fartos desses clichês de comédia romântica que podem, secretamente ou não, anonimamente adorar.

Em outras palavras, o diretor Will Gluck, que também escreveu o roteiro com Keith Merryman e David A. Newman, não quer apenas criar mais uma comédia romântica, ele propõe censurar e fazer rir enquanto diverte se aproveitando do objeto de crítica.

Uma das razões que deram resultado no filme é que Mila Kunis não faz papel de menina chorosa e necessitada, ou corajosa e necessitada, mas sim de uma mulher que pode duelar de igual por aí contra os homens.

Jamie parece ser um pouco atrapalhada para assumir tantas responsabilidades, mas sua energia é tão revigorante e expansiva e a presença tão vibrante que a personagem toma conta da tela.

A autoconsciência do gênero no filme “Amizade Colorida” se estende desde o memorável “Uma Linda Mulher” até uma película romântica (e animadamente falsa) dentro de um filme que Jamie e Dylan assistem, após o relacionamento comercial do início se transformar em algo um pouco mais profundo.

Tendo ambos sido dispensados, decidem que a rapidinha ocasional com um amigo é o estimulante pós-romance perfeito. Assim como o similarmente temático, talvez menos satisfatório e grosseiro “Sexo Sem Compromisso”, “Amizade Colorida” usa sexo e mostra a pele para tirar dúvidas sobre a possibilidade do amor verdadeiro entre homens e mulheres.

Afinal, sem mamãe e papai, religião, comunidade ou um relógio que force a questão, qual é o objetivo de se estabelecer com alguém?

A direção de Gluck se distingue em grande parte neste filme pelo elenco, concentrando os atores para falar em alta velocidade. Jamie e Dylan fazem mais do que trocar risadas provocantes, eles batem suas falas como campeões chineses de pingue-pongue, lançando seus gracejos tão rapidamente que chega a ser impressionante que os dois não procurem ofegantes por oxigênio.

Essa velocidade torna os erros mais fáceis de serem perdidos e o material pesado e triste mais simples de se ignorar, podendo também lembrar as comédias malucas dos anos 1930 e 40. Dito isso, apesar do sexo e da tagarelice, que inclui alguns momentos mandões cômicos, é o sentimento que mantém o espectador viciado.

Pena que a coisa toda é tão difícil para os olhos: “Amizade Colorida” é um filme certamente agradável na história, mas pode ter economizado em recursos digitais, mesmo sendo produzido por um grande estúdio.

A dificuldade não é a filmagem reparável, a configuração da câmera ou coisas do tipo, mas a baixa qualidade digital que faz Nova York parecer uma cópia borrada de Xerox e coloca tanto amarelo nos rostos dos atores, especialmente no de Kunis, que poderíamos pensar em seus fígados com problemas em vez de seus corações.

Não surpreendendo, “Amizade Colorida” tem uma trilha sonora muito semelhante à de “Sexo Sem Compromisso”, a ponto de suspeitar que o mesmo profissional criou as duas. Possuindo a releitura de “Boys Don’t Cry”, um toque indie com Rogue Wave, além da lendária banda Semisonic como tema principal.

Amizade Colorida – Ficha Técnica

Lançamento – 30/09/2011

Direção – Will Gluck

Elenco – Justin Timberlake, Mila Kunis, Patrícia Clarkson, entre outros.

Gênero – Comédia Romântica

Nacionalidade – EUA

Distribuidor – Sony Pictures

Tipo – Longa Metragem / Colorido

Idioma – Inglês