Bruce Lee e Seu Talento Imortal no Filme O Dragão Chinês

Compartilhe Filmes

Se alguma vez houve prova definitiva do carisma e do poder que emanava de Bruce Lee feito luz do sol, “O Dragão Chinês” é essa comprovação. Sem ele, o filme “O Dragão Chinês” provavelmente teria escapado das fendas da história, pois foi precisamente por causa de seu rosto no pôster que a película se tornou o clássico que é.

Em sua primeira aparição como protagonista, o lendário Bruce Lee é o poderoso, mas pacífico mestre do kung fu Cheng Chao-an.

Bruce Lee

Por ironia, a frustração de Bruce em transpor as barreiras culturais de Hollywood no início dos anos 70, fez com que o ator voltasse para sua terra natal, e em Hong Kong o lançamento do filme o transformou num deus do cinema local. O filme “O Dragão Chinês” também traz no elenco James Tien, já bem conhecido em histórias de ação de Hong Kong, dando seu apoio como primo de Cheng, Hsu Chien, enquanto Maria Yi interpretava a outra prima, Chiao Mei.

O papel de vilão foi dado a outro ator mestre nas artes marciais, já famoso nos filmes de Hong Kong, Tony Liu como o cruel Hsiao Chiun, enquanto o chefe do título em inglês “The Big Boss”, Hsiao Mi é interpretado por Yien Chieh-han, que também atuou como coreógrafo de luta do filme.

O Dragão Chinês – Sinopse

 Cheng Chao-an (Bruce Lee) viaja da terra natal, a China, para morar com sua família que faz parte da comunidade chinesa em Pak Chong, na Tailândia. O rapaz consegue emprego em uma fábrica de gelo ao lado de seus primos, onde é atingido no rosto já no primeiro dia pelo capataz, depois de quebrar um bloco de gelo.

Por um tempo, Cheng consegue manter a compostura, apesar da agressão e da frequente violência de gangues na cidade, aderindo à promessa que fez à sua falecida mãe de se abster de lutar.

Porém, quando os dois primos de Cheng desaparecem inexplicavelmente, após serem convocados pela gerência, tanto o jovem quanto o restante dos funcionários ficam cada vez mais frustrados com a falta de respostas da alta administração do negócio.

As tensões na fábrica acabam provocando um tumulto que Cheng reprime sozinho, quando finalmente fica furioso demais para honrar a promessa feita à mãe, assim ele é nomeado o novo supervisor para apaziguar os trabalhadores.

O que Cheng e os outros operários não sabem, é que os primos desaparecidos foram assassinados pela alta gerência, depois de descobrirem que a fábrica é, na verdade, uma fachada para um cartel de drogas.

O Dragão Chinês – Crítica

 Levado a sério, há pouco, ou quase nada de especial a se comentar, sobre o filme “O Dragão Chinês” quando o envolvimento de Bruce Lee é retirado da equação. Sua promessa de evitar brigas o mantém à margem dos primeiros quarenta e cinco minutos da história, trazendo a natureza extremamente crua do filme em foco para o espectador.

Com uma produção e orçamento quase inexistentes, o filme tem a cinematografia bruta típica dos filmes de Hong Kong dos anos 70, além de “O Dragão Chinês” ter a trilha sonora praticamente dominada por um trompete que soa como a voz em transição de um menino de 13 anos de idade.

Assistindo a versão que foi lançada em língua inglesa, percebe-se o quão ruim é a dicção dos atores, causando estranheza em quem vê.

No entanto, todas essas peculiaridades que poderiam facilmente ter derrubado a película “O Dragão Chinês” são absolutamente impotentes contra o carisma de Bruce Lee nos filmes, a presença na tela e a habilidade em artes marciais, o distinguiram dos demais. Além de Yien Chieh-han, que por ser conhecido do público e coreógrafo responsável conseguiu equilibrar a presença do colega novato.

Desse modo, o público viu a luta de Cheng para honrar o voto de não violência contrastada com a raiva interior pelo desaparecimento de seus entes queridos, culminando em uma ira vulcânica que não podia mais ser tolerada. Típico dos filmes de Bruce Lee, ele se assemelha a uma cobra preparada para atacar, uma vez que entra em ação, e tudo o que seus inimigos podem fazer é criar coragem suficiente ou ganhar distância.

Quase se podem ouvir os gritos de “ooooh” de quatro décadas atrás, quando um inimigo se aproxima lentamente de Cheng com uma faca, apenas para este chutar tanto a faca quanto o rosto de seu oponente num piscar de olhos. Pois a partir do momento em que o personagem começa a lutar, os movimentos de Bruce em ação são nítidos e polidos de uma maneira totalmente contrária à natureza exploratória do filme.

Na maior parte da película “O Dragão Chinês”, Cheng enfrenta grupos oponentes, mas nenhuma horda de malfeitores é grande o suficiente para ter uma chance contra ele.

Uma das maiores lutas mostra Cheng cercado de duas dúzias de homens, sozinho na fábrica de gelo, depois de descobrir a verdade sobre o desaparecimento de sua prima. É aqui que o filme se torna mais horripilante, quando o rapaz arremessa as cabeças e os torsos de seus inimigos, e os respingos de sangue resultantes são suficientes para qualificar o roteiro como uma espécie de protótipo do “Kill Bill”.

O final da disputa entre Cheng e Mi, o único combate cara-a-cara do filme, talvez tenha a melhor formação de qualquer luta dramática já filmada, enquanto dois oponentes se encaram como pistoleiros em estado selvagem, intensificados pela trilha sonora.

Bruce Lee e seu oponente Yien Chieh-han não decepcionam nem um pouco, neste confronto cheio de golpes, onde Cheng levanta o corpo de Mi sobre sua cabeça e joga-o pelo terreno, como uma bola de futebol ou quando os dois homens saltam e colidem mais a frente, espertamente antecipando um momento semelhante do duelo de “Operação Dragão”.

Tudo no filme “O Dragão Chinês”, além de Bruce Lee é completamente trivial para ser apreciado numa história. O enredo não é muito surpreendente, a dublagem em inglês é insignificante até mesmo para a época, e a prima de Cheng, Chiao Mei é mais uma donzela em perigo, típica dos filmes de ação. Com certeza, Bruce Lee é a grata aparição criando a lenda do dragão chinês, e poucos atores poderiam esperar fazer uma carreira tão curta e brilhante, assim como ele fez.

Curiosidades Sobre o Filme o Dragão Chinês 

  • “O Dragão Chinês” é o único filme com Bruce Lee no papel principal em que ele não usa a arma que é sua marca registrada, o nunchuku. 
  • Quando “O Dragão Chinês” e “A Fúria do Dragão” foram lançados nos EUA, eles tiveram seus títulos mudados para “The Chinese Connection” (visando lucrar com a popularidade de “Operação França”, que também abordava o tráfico de drogas). No entanto, os nomes foram acidentalmente trocados, e “O Dragão Chinês” acabou sendo lançado como “A Fúria do Dragão”, enquanto “A Fúria do Dragão” foi lançada como “The Chinese Connection”.
  • Após seu lançamento em 1971, “O Dragão Chinês” se tornou o filme de maior sucesso já lançado em Hong Kong na época.

O Dragão Chinês – Ficha Técnica  

Título Original – Jing Wu Men

Data de Lançamento – 03/10/1971

Gênero – Artes Marciais e Ação

Nacionalidade – Hong Kong

Elenco – Bruce Lee, Maria Yi, James Tien, Yien Chieh-han, Nora Miao.

Produção – Golden Harvest Company Ltd.

Coreógrafo das Artes Marciais – Yien Chieh-han

Dublê – Jackie Chan

Distribuidor – Sato Company

Roteiro e Direção – Lo Wei

Idioma Original – Mandarim / Cantonês

Tipo – Longa Metragem / Colorido