Dois Filhos de Francisco

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Dois Filhos de Francisco é um grande clássico do cinema nacional. Lançado no ano de 2005, a obra que conta a história de Seu Francisco e da dupla Zezé de Camargo e Luciano. Dirigido por Breno Silveira, o longa fez muito sucesso por todo o país.

O filme teve um orçamento de mais de R$ 5 milhões, as gravações duraram cerca de 6 meses e vendeu mais de 1 milhão e meio de entradas no cinema.

Dois Filhos de Francisco: Sinopse

O lavrador Francisco Camargo sempre teve o sonho de cantar e fazer sucesso na área artística. Como não conseguiu realizar esse sonho, decidiu que faria de tudo para que seus filhos pudessem ter uma vida de mais conforto e sucesso, coisa que ele infelizmente não pôde ter.

O primeiro a ser instruído para a carreira de cantor foi Mirosmar, o filho mais velho, que depois de cantar desafinado em um evento, recebe uma gaita de seu pai. Depois de treinar bastante, o garoto passa tocar muito bem o instrumento.

Ao completar 11 anos, ele ganha de Seu Francisco um acordeão, e Emivalo, o mais novo, recebe um violão, mesmo confessando que queria ganhar uma bola de futebol.

A recém-criada dupla sertaneja tenta fazer algumas apresentações pela região onde moravam, porém não dá muito certo. Após quase serem despejados, a família então resolve se mudar para Goiânia, na esperança de que os garotos conseguissem fazer sucesso.

Francisco e sua família acabam passando por dificuldades, pois o emprego de servente de pedreiro não dá conta de sustentar a todos. Por isso, Mirosmar e Emival começam a cantar na rodoviária da cidade em troca de uns trocados.

O sucesso foi tanto que Miranda, um suposto empresário de cantores caipiras, propõe levar os garotos para uma turnê pelo país, prometendo que os trariam de volta em uma semana. Os meninos passam 4 meses na estrada, sofrendo pequenos abusos de Miranda.

Ao voltarem, os pais dos garotos decidem que eles não cantarão mais com o empresário, e voltam a procurar shows e participações em rádios por conta própria. Um ano depois, os garotos e Miranda se reencontram. O empresário pede mais uma chance para agenciá-los, alegando ter mudado.

Francisco dá um voto de confiança e os garotos saem em uma nova turnê. Os meninos começam a fazer sucesso e Miranda começa a tratá-los bem. Entretanto, durante uma das viagens, um caminhão faz uma ultrapassagem errada e acaba batendo com o carro do trio.

Mirosmar fica com apenas alguns machucados, mas Emival acaba falecendo durante o acidente. Traumatizado, o sobrevivente quase desiste da carreira musical, pedindo para que o pai trocasse o acordeão por uma TV e tentando ajudá-lo no trabalho com as obras.

Tempo depois, o jovem decide voltar a cantar (agora adotando o nome de Zezé Di Camargo) e até grava um disco solo, porém não consegue fazer sucesso. Casado e com duas filhas, Zezé pensa em desistir do sonho de cantar mais uma vez, mas é incentivado por sua esposa, Zilu, a continuar tentando.

Até que encontra seu irmão Welson, o Luciano, que se tornou seu parceiro ideal para dar prosseguimento à carreira artística e emplacar o sucesso no mundo musical.

Dois Filhos de Francisco – Resenha

O filme conta com grandes nomes da dramaturgia nacional, como Dira Paes, Ângelo Antônio e José Dumont. Apesar de ser o filme de estreia do diretor Breno Silveira, a obra atingiu um resultado mais que satisfatório tanto com a crítica, quanto com o público.

Os atores souberam trabalhar muito bem os seus personagens, mostrando a realidade do sertão goiano e, principalmente, da dupla Zezé de Camargo e Luciano e seus pais, Francisco e Helena.

Entrar na carreira musical, principalmente quando se é de uma família pobre e desconhecida, é muito difícil. Há uma concorrência enorme e as chances de dar certo são pequenas. Mesmo recebendo infinitos “nãos”, sofrerem chacota e serem chamado de “loucos”, Francisco nunca desistiu de fazer seus filhos terem uma vida digna e não terem o cotidiano sofrido que ele e sua esposa tiveram.

Diferentemente de outros filmes que contam a vida de pessoas famosas, 2 Filhos de Francisco conseguiu fazer com que muitos deixassem o preconceito de lado e pudessem admirar uma obra que não se tratava de apenas mais um projeto no portfólio ou uma mera jogada de marketing.

O longa possui uma trama envolvente, emocionante e real. O enredo flui normalmente, sem ser metódico em nenhum momento, e nem mesmo previsível, apesar de já sabermos o desfecho da história.

A produção teve um papel notável, sabendo usar muito bem os recursos técnicos e até mesmo a trilha sonora de forma perfeita, sem que parecesse um grande “medley” dos principais sucessos da dupla.

As direções de arte e fotografia conseguiram fazer com que o contraste em tons arenosos ressaltasse ainda mais a forte ligação daquela família com o campo e a terra. Nem mesmo depois do sucesso a dupla esqueceu suas origens, já que suas canções possuem o ritmo sertanejo e interiorano.

Apesar de ser um filme muito bem visto, possui seus defeitos. Há algumas cenas de um “merchan” nada sutil de um banco ou em pequenas cenas que acabando apelando para um melodrama que, cá entre nós, não era necessário, pois a história já carregava emoções suficientes.

Entretanto, esses erros acabam sendo relevados quando nos deparamos com uma pessoa como Francisco Camargo, que, mesmo sendo chamado de louco por sua família e amigos, gasta seu pouco salário distribuindo fichas de telefone para os colegas de trabalho ligarem para a rádio e pedirem a nova música dos filhos.

Em resumo, este é apenas um dos filmes que mostram que o cinema brasileiro pode sim produzir grandes obras da sétima arte sem precisa recorrer a estereótipos americanos ou europeus. O Brasil é um país rico em história e cultura, esperando apenas que alguém as encontre e as conte para o público da maneira correta.

Dois Filhos de Francisco – Ficha Técnica

Direção: Breno Silveira

Roteiro: Patrícia Andrade e Carolina Kotscho

Produção: Breno Silveira, Leonardo Monteiro de Barros e Luiz Noronha

Direção de Fotografia: Andréia Horta

Diretora de Arte: Kiti Duarte